Bendito o que vem em nome do Senhor!
Desde o princípio da Quaresma preparamo-nos com obras de
penitência e caridade. Neste Domingo de Ramos, a Igreja recorda a
entrada de Nosso Senhor Cristo, em Jerusalém, para consumar o Seu
mistério pascal. Por isso, em todas as Missas essa entrada do Senhor na
Cidade Santa é comemorada, tanto com a procissão como com a entrada
solene antes da Celebração Eucarística principal ou com a entrada
simples antes das outras Missas.
Foi para realizar esse mistério da Sua Morte e Ressurreição que
Jesus Cristo entrou na Cidade Santa. Por isso, recordando com fé e
devoção essa entrada triunfal nesse local sagrado, acompanharemos o
Senhor, de modo que, participando agora da Sua cruz, mereçamos um dia
ter parte na Sua Ressurreição.
A leitura atenta da Paixão de Cristo suscita uma inevitável
pergunta: quem foram os responsáveis pela morte de Jesus, os judeus ou
os romanos?
Na Morte de Jesus misturaram-se motivos políticos e religiosos,
embora a responsabilidade mais direta caia – de acordo com a narração
evangélica – sobre as autoridades judaicas daquele tempo e não sobre
todo o povo.
Porém, a leitura do Evangelho, com um olhar de fé, acaba por
descobrir outros responsáveis pela Morte de Cristo, ou seja, todos nós.
Ele foi abatido pelas nossas iniquidades (cf. Is 53,3). Todos nós
podemos ouvir, dirigidas a cada um de nós pessoalmente, as palavras que o
profeta Natã dirigiu a Davi quando este lhe perguntou quem foi o
malvado que matou a única ovelha do pobrezinho. Ele responde: “Esse homem és tu!” (II Rs 12,7) .
Sim, foi você. Fui eu. Fomos todos nós. Cada homem é responsável pela Morte de Cristo. Não
estão sozinhos Judas que O atraiçoou, Pedro que O negou, Pilatos que
lavou as mãos e a multidão que repetiu: “Crucifica-O!”, os soldados que
repartem entre si as vestes do Condenado, os ladrões criminosos.
Estamos todos nessa situação de responsabilidade.
Mas não podemos ficar aqui. Sabemos não só que Jesus morreu
verdadeiramente e foi sepultado. Sabemos também que ressuscitou ao
terceiro dia, subiu e está sentado à direita do Pai. Morreu pelos
nossos pecados e ressuscitou para a nossa salvação.
Desde hoje temos de olhar já para o Domingo de Páscoa. Mas para que
este olhar não seja um sentimento vazio, precisamos levá-lo
verdadeiramente a sério, isto é, morrer, por intermédio do
arrependimento e da confissão dos nossos pecados – sobretudo os pecados
mortais – e assim ressuscitar para a vida da Graça.
“Bendito seja o que vem em nome do Senhor!” A liturgia do Domingo de Ramos é como que um pórtico de ingresso solene na Semana Santa.
Esta liturgia associa dois momentos entre si contrastantes: o
acolhimento de Jesus em Jerusalém e o drama da Paixão; o “Hosana!” de
festa e o grito repetido várias vezes: “Crucifica-O!”; a entrada
triunfal e a derrota aparente da morte na Cruz. Assim, antecipa o
“momento” em que o Messias deverá sofrer muito, será morto e
ressuscitará no terceiro dia (cf. Mt 16,21), e prepara-nos para viver
em plenitude o mistério pascal.
Portanto, “Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti”
(Zc 9,9). Jerusalém, a cidade em que vive a memória de Davi rejubila ao
receber Jesus. A cidade dos profetas, muitos dos quais nela sofreram o
martírio por causa da Verdade. A cidade da paz, que ao longo dos
séculos conheceu a violência, a guerra e a deportação.
De certa forma, Jerusalém pode ser considerada a “cidade-símbolo” da
humanidade, sobretudo no dramático tempo em que vivemos neste Terceiro
Milênio. Por isso, os ritos do Domingo de Ramos adquirem uma
particular eloquência. Ressoam confortadoras as palavras de Zacarias: “Exulta
de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém!
Eis que o teu rei vem a ti: ele é justo e vitorioso, humilde, montado
num jumento. O arco de guerra será quebrado. Proclamará a paz para as
nações” (Zc 9,9-10). Hoje estamos em festa, porque Jesus – o Rei da Paz – entra em Jerusalém.
“Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!” Ouvimos de novo a clara profissão de fé, pronunciada pelo centurião, que “O viu expirar daquela maneira”. Daquilo que viu, surge o testemunho surpreendente do soldado romano, o primeiro que proclamou que aquele Homem crucificado “era o Filho de Deus”.
Senhor Jesus, também nós vimos como sofreste e como morreste por
nós. Fiel até ao extremo, Tu nos libertaste da morte com a Tua morte.
Senhor Jesus, como o oficial romano, confessamos a Tua condição de
Filho de Deus crucificado. Que nós compreendamos o verdadeiro sentido
de Tua paixão e possamos professar: VERDADEIRAMENTE ESTE HOMEM ERA
FILHO DE DEUS!
Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel. Hosana nas alturas!
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