“Senhor que a tua palavra, transforme a nossa vida.
Querermos caminhar, com retidão na tua luz”


João 16,19-22: A tristeza e a alegria
Jesus, percebendo que o queriam interrogar, disse-lhes: «Estais entre vós a inquirir acerca disto que Eu disse: ’Ainda um pouco, e deixareis de me ver, e um pouco mais, e por fim me vereis’? Em verdade, em verdade vos digo: haveis de chorar e lamentar-vos, ao passo que o mundo há de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há de converter-se em alegria! A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque chegou a sua hora; mas, quando deu à luz o menino, já não se lembra da sua aflição, com a alegria de ter vindo um homem ao mundo. Também vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria.
(João 16,19-22)

Quando se é criança, os sentimentos são frequentemente extremos: se se está feliz, está-se muito feliz; se se está triste, está-se muito triste. Como cada sentimento é intenso, dura pouco tempo. Passa-se, assim, de um estado de euforia a um estado de grande tristeza em alguns instantes.

A idade adulta ensina-nos a misturar os sentimentos, a viver situações em que não se pode estar nem completamente feliz nem totalmente triste. Frequentemente, a preocupação que temos com os outros é tal que não podemos retirar essa parte de inquietude legítima que existe no amor.

Jesus fala desta passagem do Evangelho de João, de tristeza e de alegria. Mais precisamente, descreve uma tristeza que conduz à alegria.

Jesus vai morrer, sabe-o. Anuncia uma grande tristeza e não procura escondê-la. Cria espaço para a justiça desse sentimento, sem procurar oferecer um consolo barato. Pelo contrário, fala, neste momento preciso, da alegria de uma forma bastante negativa. A alegria é a do «mundo», ou seja, de todas as estruturas que se amontam para sufocar a novidade da mensagem de Deus, a boa nova do seu amor incondicional.

Partilhar a tristeza é um ato muito poderoso. Este poder é o da compaixão, que permite compreender o sentimento de grande fragilidade que passa uma pessoa para com a qual a vida não cumpriu as suas promessas.

A tristeza justa, se carrega em si o amor, abre o acesso a uma forma superior de alegria. Esta alegria forja-se na dor. É por isso que Jesus utiliza a imagem de uma mulher que dá à luz. Este sentimento novo entra em nós, entre outros, pelo sangue e pelas lágrimas. A resistência que colocamos perante as dificuldades dá-lhe estrutura. Esta alegria de que Jesus fala surge dos que permitem que as suas mãos sejam furadas em todas as cruzes que a sua existência lhes impõe. Como este sangue e esta água jorram do lado trespassado de Jesus, o amor transforma-se em alegria quando as pessoas que se amam sentem que as provas não os separarão.

A verdadeira alegria é a da aliança. A aliança que afirma que não se amaldiçoa ninguém, nem os torturadores. A aliança que não abandona, mas que partilha o sangue, as lágrimas e a luz.

É desta forma que Jesus nos ensina a coragem. Com ele, mesmo nos vales escuros, a nossa audácia dá-nos a alegria dos que nada têm a perder, porque se sabem amados.

- Já vivi momentos em que a tristeza e a alegria surgiram juntas?
- Ao partilhar a pena com os outros, que sentimentos nasceram em mim?
- Para amar antes de tudo, a que apelo mais exigente devo responder neste momento da minha vida? A minha relação com Cristo ajuda-me nesta situação?

Fontes:
Imagem http://colegiomarista.org.br/medianeira/mes-da-biblia
Acesso em 08/09/16 as 07hrs e 02min.
Texto e reflexão http://www.taize.fr/pt_article175.html
Acesso em 08/09/16 as 07hrs