Luar de céu aberto sobre os campos.
Emudeceu a última cigarra.
Fosforescem os pirilampos
nas encostas de um verde resplendente.

Ao longe, alguns casebres e a algazarra
de galos a cantar, seguidamente.

Às margens do rio Arno, o Poverello,
humilde e concentrado,
medita sobre o Amor Crucificado.

Eis senão quando, avista num salgueiro
um rouxinol cantando,
no mais belo trinado.

Então, para exaltar o seu Senhor,
resolve desafiá-lo,
alternando com ele o seu louvor.

Movido pelo Santo, ali a sós,
o rouxinol põe notas mais vibrantes,
mais harpejos na voz.
Quando Francisco para, a ave mais canta,
em novos ritornelos, percorrendo
nova escala de tons.

Por toda a noite, antes de vir o sol,
aleluias de sons,
desafio acirrado
do Trovador de Deus e o rouxinol.

Mas São Francisco se confessa derrotado.

Do livro "I Fioretti"