Páscoa do Senhor: Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente! | #SemanaSanta2020
“Não
me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e
dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo. 20, 17)
Quando, diante da Cruz
e da sepultura de Jesus, parecia que tudo havia sucumbido, os apóstolos e as
mulheres viram o túmulo vazio e creram que o Senhor devia ressuscitar dos
mortos.
Vendo o sepulcro vazio,
aqueles discípulos, homens e mulheres, chegaram a fé da Ressurreição. A fé,
porém, neste mistério, não brotou de modo natural e espontâneo, na verdade ela
já havia sido lançada como semente no coração daqueles discípulos, homens e
mulheres. Tudo teve início com a graça do encontro a partir do qual começaram a
segui-Lo enquanto vivo carnalmente entre eles. Não fosse assim, Maria de
Magdala, e os dois discípulos citados neste evangelho, não teriam ido ao túmulo
tão cedo quando ainda estava tudo escuro. A semente da afeição, da fé, da
confiança, da entrega crepitava em seus corações talvez sem o notarem e mais
fortemente e justamente, agora, quando parecia ter desaparecido. Ela não
consegue esquecer o como e o quanto fora acolhida, amada, perdoada pelo Mestre.
Foi o calor, o fervor desta experiência – desta fé - que a levou até o túmulo.
A fé, porém, não é uma
clareza de ideias, mas uma luz que cintila no meio da escuridão da noite de
muitas incertezas, interrogações, dúvidas, dos muitos medos e sofrimentos e até
mesmo de infidelidades. A fé em Jesus Cristo ressuscitado não é algo de
espontâneo e automático, como se bastasse ouvir o relato de sua ressurreição
nas catequeses, cursos e pregações. Como a Madalena, precisamos fazer cada qual
o nosso percurso para busca-Lo em meio à escuridão de nossas dúvidas, incertezas,
angústias e pecados. Sem o sofrimento desta obra a fé é morta, dirá
posteriormente, São Paulo.
Para testemunhar o
mistério da ressurreição de Jesus João se utiliza do verbo “ver”. Para ele crer é ver. Nossa língua, porém, se
mostra um tanto pobre para indicar ou expressar o processo da fé. No original
grego esse processo vem aparentado com três verbos diferentes.
Primeiramente, temos o
ver de Madalena. Ela vê que a pedra fora retirada do túmulo. Também o discípulo
amado, o próprio evangelista João, que fala de si como se fosse uma terceira
pessoa, corre mais rápido do que Pedro, chega ao sepulcro primeiro. Ele se
inclina e vê as faixas deitadas ali. Todavia não entrou. “Ver”, aqui, em grego,
é olhar, ver, no sentido de descobrir a coisa, assim como ela se apresenta em
sua materialidade: uma cadeira, uma flor, uma casa, por exemplo. No caso eles
viram o sepulcro vazio e nada mais. Os três, são narrados pelo próprio autor
com um tipo diferente de visão, todos eles viram as faixas e os panos
enrolados, cada um à sua maneira de ver, indo além do aspecto visual, mas no
final, todos creram na ressurreição do Senhor.
E hoje, cabe a nós decidirmos como queremos
ver a Jesus Ressuscitado, se queremos também nós fazermos nossa passagem. Em
tempos caóticos, de crise mundial, rezemos nossa Páscoa com o Senhor, que ela
seja passageira, que ela passe. E que o Cristo viva para sempre em nossos
lares, famílias e corações. Celebramos hoje a Ressurreição de Jesus Cristo, e
os antigos já se saudavam com “Cristo ressuscitou” ao que respondiam
“Ressuscitou verdadeiramente”, um sinal de vida nova em Cristo Jesus e o maior
sinal de amor à nossa fé.
A Páscoa é uma nova
encarnação de Jesus como também uma nova crucificação. Se antes esses dois
mistérios se deram no corpo, na carne, no tempo, agora se dão no espírito. Por
isso, eles são, espirituais, universais e eternos, como Ele mesmo havia
prometido: Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo. Uma
Páscoa Santa pra todos. Paz e bem!
Rafael Carneiro
de Sousa, Sec. Nac. Ação Evangelizadora
Irmã Claudenice,
FCM – Assistente Espiritual Nacional da Jufra do Brasil
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