Nesta Terça-feira Santa, o Evangelho nos traz a entrega e a negação de alguns discípulos de Jesus, anunciadas por ele mesmo à mesa com todos os discípulos. Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará” (cf. Jo 13, 21), referindo-se a Judas, que o entregaria por 30 moedas. Os discípulos questionaram a Jesus quem seria o traidor e ele afirma que seria aquele a quem desse o pão molhado no vinho. Em seguida, Jesus o faz, entregando o pão a Judas, que saiu imediatamente dali. Os discípulos não entendem, mas Jesus diz: “Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado nele” (cf. Jo 13, 32). Jesus também acrescenta que está prestes a partir e que os discípulos ainda não o acompanhariam. Pedro o questiona dizendo que daria a vida por ele e Jesus acrescenta que este o negaria três vezes antes que o galo cantasse. A primeira leitura de hoje complementa dizendo que Deus destinou Jesus a ser “luz das nações, para que a salvação alcance até os confins da terra” (cf. Is 49,6). Deste modo, a traição de Judas e a negação de Pedro seguem a vontade de Deus e Jesus aceita, para que se cumpram as escrituras para salvação de seu povo.
Nosso Senhor dos Passos continua a caminhar para a sua morte, com seu anúncio, deixa a todos seus discípulos preocupados. E por mais que Pedro tivesse uma boa intenção ao se pronunciar, Jesus sabia em seu coração que ele não cumpriria sua palavra. O que nos faz uma reflexão direta com o povo cristão, em meio a promessas que se tornam apenas palavras, a intenção do coração é boa e verdadeira, mas não há forças suficientes para a prática. Lembremos que em tempos caóticos como os atuais, Nosso Senhor espera que ouçamos suas palavras e o acolhamos em nossos corações. Espera que não sejamos como o Pedro antes de sua morte, mas o Pedro depois de sua ressurreição e Ascenção ao Céu. Muito menos como Judas, que o trocou por dinheiro e ambição. 
A compreensão de Jesus e o seguimento da vontade de Deus nos faz lembrar São Francisco de Assis, que foi chamado a servir o povo e aceitou para si essa jornada. São Francisco abdicou dos bens de sua família e difundiu uma visão positiva da criação e das criaturas, amando todas elas e chamando-as de irmãos e irmãs. Essas atitudes permitiram que Francisco fosse chamado de “luz que iluminou o mundo”. Como Jesus, Francisco aceitou sua caminhada até o fim, preferiu chamar a morte de irmã e não entendê-la como o fim, pois sua fé era está com o Cristo, sabia que era um novo começo.
Devemos buscar compreender a vontade de Deus para nossa vida e, assim como Francisco, que buscou tanto a Jesus que é considerado o homem que mais se aproximou do Senhor, somos convidados a sermos luz no mundo, amando e cuidando de todas as criaturas.