Quando lembramos da figura de um REI, nos vem inicialmente à mente a imagem de um estadista, governante suntuoso, cuja ocupação está centrada na garantia de desenvolvimento e progresso do seu reino, na conquista e vitória de suas metas e no fortalecimento de sua nação, seja por meio da força física e bélica (armas), seja por meio do conhecimento intelectual. Um homem extremamente ocupado com as coisas temporais e materiais, essa é a imagem que sobrevêm à nossa mente. No contexto medieval em que viveu São Luís, ocupações não lhes faltara, mas ele soube prudentemente governar sua nação, sem deixar de se preocupar com as duas realidades: a divina (eterna) e a terrena (material).

Tendo nascido em 1214 e falecido em 1270, viveu cerca de 56 anos, tendo sido coroado ao trono aos 12 anos, por ocasião da morte de seu pai, mas só começou a reger sua nação aos 21 anos. Tendo recebido desde a infância, uma educação religiosa e moral consistente, Luís IX governou com justiça e caridade cristã. A tradição biográfica nos conta que ele era um homem penitente, humilde, orante e caridoso, que freqüentava assiduamente às missas. Um homem virtuoso!

Ingressou nas fileiras franciscanas da Ordem dos Irmãos da Penitência de São Francisco, hoje conhecida como OFS (Ordem Franciscana Secular), onde passou ainda mais a exercer seu espírito de caridade, sua preocupação com o Reino Celeste, vivendo uma vida de simplicidade, oração e humildade, tal qual o exemplo deixado pelo Pobrezinho de Assis.

Durante o seu reinado na cidade de Paris, o cristianismo do Ocidente, foi tomado de prestígio. Um rei consciente de seu papel como cristão, que por seu testemunho de vida soube amar a Deus, defender a fé cristã com os métodos de seu tempo, praticando a justiça, a paz e sem esquecer dos pobres, aqueles que sempre foram os prediletos de Jesus.

Empenhou-se em várias Cruzadas para conseguir conquistar de volta para o cristianismo, os lugares santos, que estava sob o poder dos mulçumanos. Contraiu tifo (uma peste mortífera) vindo a falecer em 25 de agosto de 1270. Foi um dos primeiros santos leigos da Igreja. Após dois anos de seu falecimento, sua fama de santidade já tinha se alastrado e iniciou-se o processo de sua canonização, tendo o papa Bonifácio VIII em 1297, o elevado as honras dos altares.

Sua santidade e os méritos de suas virtudes, nos faz recordar de que a Igreja não o canonizou porque era rei, porque tinha riquezas e prestígio social, mas porque em meio a toda essa realidade em que ele estava submerso, se fez humilde, se esforçou para praticar a justiça, não perdeu seus valores, buscou e achou respostas de como ser um bom rei, na vida devotada a oração e a penitência. Seu exemplo nos ensina que mesmo não vivendo a realidade de rei e estadista de prestígio, podemos estar vivendo uma vida apegada aos bens temporais, que são efêmeros (passageiros), esquecendo-nos do que é essencial.

Seu testamento deixado para seu filho é uma expressão riquíssima de sua preocupação com a salvação da alma deste, onde o aconselha a não deixar se levar pela glória do poder, pelo prestígio da fama, mas o adverte a manter sua mente e sua vida devotada ao amor a Deus e ao próximo, sem deixar esquecer da educação cristã que lhe deu. Como franciscano secular, São Luís IX, exerceu seu papel de bom esposo, bom pai, bom cristão e de rei bondoso. Empenhou-se na prática da justiça e no estabelecimento da paz, virtudes tão necessárias em nosso tempo, onde a desigualdade e as injustiças sociais crescem a cada dia, onde a paz vive diariamente ameaçada.

Contemplar a vida de São Luís não nos tornará cristãos melhores, se só ficarmos no campo da admiração, numa atitude ingênua de venerá-lo e de nada fizermos, como ele fez para que a nossa realidade possa ser diferente. Como jufristas e franciscanos seculares, muitos são os desafios que nos cercam hoje em dia. Que respostas podemos dá? Olharemos para as multidões de injustiças sociais que estão à nossa volta e pensaremos que nada podemos fazer? Lavaremos nossas mãos, como quem não se sente responsáveis, seja pelo exercício da prática de cometê-las ou por fazer alguma coisa que solucione ou minimize as mesmas? O senso de justiça precisa está presente em nossas ações, a bandeira da paz precisa ser erguida por nossas mãos nossas bocas precisam gritar, denunciando a mentira e as injustiças; não podemos ser jufristas e franciscanos seculares omissos, passivos, descomprometidos com a realidade que exige de nós uma postura franciscana de luta e de envolvimento, para que tenhamos um mundo mais justo, mais fraterno e mais igualitário. Contemplativos e comprometidos, essa deve ser nossa atitude ao venerarmos a figura desse nosso irmão, santo e rei franciscano secular, pois se nossa veneração não nos remeter a praticar as virtudes por ele praticada, será um gesto bonito, mas em nada acrescentará a nossa vida e missão, enquanto seguidores do mesmo carisma vivido por ele.

São Luís IX, rei franciscano e nosso irmão, intercedei por nós!

 

Helmir Soares
Animador Fraterno Nacional da Jufra do Brasil