Cada manhã o Senhor desperta o meu ouvido, para eu ouvir como discípulo, ouvir, prestar atenção, como discípulo... cada manhã!” (Refrão meditativo - RV)


Na liturgia deste domingo, revivemos a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém para celebrar a sua Páscoa. Unidos aos seus sentimentos, mergulhamos no seu projeto de obediência ao Pai e de serviço à humanidade. Com Jesus, reafirmamos nossa solidariedade com tantos irmãos nossos, acometidos pela Covid 19.


Na primeira leitura, Isaias nos recorda que “O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoas abatida”. Pensemos: Quantos irmãos abatidos por essa Pandemia!? Quantas famílias, desoladas, necessitando de conforto, de solidariedade!? Isaias continua: “Ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo” (Isaias 50, 4).


Em cada celebração, o Senhor está presente para realizar as promessas e nós o acolhemos através da prece e da participação e nos unimos à sua missão de trazer a paz. Por isso, podemos pedir, suplicar e implorar, que em cada manhã, em cada dia, em cada momento nos excitemos o ouvido, para prestar atenção como um verdadeiro(a) discípulo(a).


A liturgia dos ramos não é uma repetição apenas da cena evangélica, mas sacramento da nossa fé na vitória do Cristo na história, marcada por tantos conflitos e desigualdades, causada mais fortemente por esse tempo de pandemia. É o Domingo da Paixão de Jesus, do seu sofrimento assumido como expressão de compaixão pela multidão de famintos e da nossa compaixão com todos os sofridos em sua busca de libertação.


A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém é uma convocação para que entremos “nas ‘casas/ locais’, onde estão os nossos irmãos e irmãs desolados e aí proclamemos o Projeto de vida de Jesus. Em procissão, aclamando que Ele vem em nome de Deus, aderimos ao seu projeto e abraçamos a sua atitude de servidor fiel até a extrema entrega na cruz


Ano passado, neste mesmo tempo, O nosso querido Papa Francisco, recordava na Missa de Domingo de Ramos que: “não estamos sós: O drama que estamos atravessando impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor’”.


Mas, de que seriedade o Nosso Papa Francisco nos fala? O que é “coisa” de pouco ou muito valor? A vida não serve, se não se serve?” Diante destas questões, podemos olhar para Jesus, a partir do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Aí a Igreja nos convoca a entrar no mistério do seu Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado. Essa foi sua grandeza! Essa foi uma vida de seriedade! Esse foi o maior gesto de colocar sua vida a serviço! “O povo hebreu, levando ramos de oliveira, / foram ao encontro do Senhor”, levando sua seriedade! Levando seu grande tesouro! Levando seu serviço!


Canta assim a antífona litúrgica, que acompanha a solene procissão com os ramos de oliveira e de palmeira neste Domingo, chamado precisamente dos Ramos e da Paixão do Senhor. Revivemos o que aconteceu naquele dia: eram muitas as pessoas que exultavam à volta de Jesus, que montado num jumento entrava em Jerusalém.


Quem crê em Jesus crucificado e ressuscitado leva a Cruz como um triunfo, como prova evidente de que Deus é amor. Com a doação total de si, precisamente com a Cruz, o nosso Salvador venceu definitivamente o pecado e a morte. Por isso aclamamos com júbilo; "Glória e louvor a ti, ó Cristo, que com a tua Cruz redimiste o mundo!".


É daqui que brota a verdadeira fonte da paz e da alegria para cada um de nós! Encontra-se aqui o segredo da alegria pascal, que nasce do sofrimento da Paixão. De fato, mais ninguém a não ser Ele, nos pode dar aquele amor, aquela paz e aquela vida eterna pela qual o nosso coração aspira profundamente. Que saibamos acolher! Que saibamos nos colocar a serviço dos irmãos e irmãs! Assim seja!