Antes de iniciar seus passos à sua morte e ressurreição, Jesus visita pela última vez seus amigos, Marta, Maria e Lázaro a quem ressuscitara. Havia para ele um banquete, estava sendo bem recebido, pois tinham muito carinho pelo Senhor. Mais à frente Jesus vai falar “[...] Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai” (Jo. 15, 15), fala assim para todos aqueles que se achegam para ouvi-lo, e os irmãos de Betânia não eram diferentes.


Está se aproximando o momento de sua entrega, ele anuncia sua morte mais uma vez de forma enigmática, quando Maria unge seus pés com bálsamo e enxuga com seus cabelos. Ela é repreendida por Judas Iscariotes que em sua ganância pensava apenas no dinheiro e no lucro e disfarçava seus desejos com a falsa preocupação com os pobres. Essa passagem não está tão distante da realidade que vivemos. Muitos se dizem amigos de Jesus, que andam com ele e que são seus discípulos, mas o coração é corrupto e tem a alma corrompida pelos desejos mundanos. Em tempos normais, esses como Judas têm um rosto comum, apresentam boas intenções e aparentam se preocupar com o povo pobre e sofrido, mas diante de uma pandemia, a verdadeira face se mostra gananciosa e deturpada, estão mais preocupados consigo do que com as pessoas que morrem diariamente. Aqueles que dizem amar e seguir ao Cristo são opostos aos seus ensinamentos.


O evangelista sabia o caráter de Judas como vemos em João 12, 6, que diz: “Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam.”. Assim, podemos refletir que o apóstolo era responsável financeiro, pois possuía a bolsa e tinha o costume de furtar tudo que entrava nela, portanto, não é difícil de se imaginar o tamanho da ganância que o mesmo tinha. Esse versículo é tão verdadeiro como atual.


E por isso, Jesus o repreende dizendo: “Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis” (Jo. 12, 7-8). Sua repreensão era para que entendessem que sempre haveriam pessoas pobres para fazer caridade, mas nem sempre Ele estaria em corpo físico na presença deles, portanto, aprovava o ato sublime de Maria e ainda trazia novamente o mistério de sua morte.


Entramos em mais uma Semana Santa, e mais uma vez devemos morrer e renascer com Cristo. Recordamos também Nosso Senhor dos Passos, que é para a Igreja a representação da jornada salvífica de Jesus, e devemos seguir suas pegadas, estar com Ele em todos os momentos, sentir também as dores e purificar-nos de nossos pecados.


Peçamos ao Senhor que visite vossos amigos, que visite o vosso povo sofrido que padece frente à um sistema incapaz e negacionista, que nos cure desse vírus que devasta todo o mundo, não só a COVID-19, mas suas variantes como a ganância, a soberba, a corrupção e todos os males que afligem o planeta. Mas que também saibamos ser amigos de Jesus, que possamos ouvir as autoridades de saúde, que tenhamos amor ao próximo e sigamos os protocolos de segurança, que saibamos acolher aqueles necessitados diante da pandemia e que tenhamos fé, para que possamos ser curados. Fique em casa, cuidar de si é também cuidar e amar o próximo.


Rafael Carneiro
Secretário Nacional de Ação Evangelizadora
Frat. São Francisco de Assis - Codó/MA