“Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava. Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá vós o vereis. É o que tenho a dizer-vos.” (Mt 28, 5-7)

No altar não há toalhas, velas e flores. A Igreja está mergulhada diante do mistério de um Deus que se cala diante da morte. Silêncio litúrgico. Sentimos as dores da Virgem Dolorosa, mãe compassiva até o fim. Se nos concentrarmos podemos escutar suas lágrimas. Estralam como um grito forte de súplica pela Justiça de Deus. Força e coragem. Silêncio e comunhão. “Tudo está consumado”, disse o doce mestre. E agora? “Aonde iremos nós, se só tu tens palavras de vida eterna?”

Vamos ao túmulo no novo Éden
O Grande Sábado, também conhecido como Sábado de Aleluia, é um convite à revisão de vida. Vamos com Jesus ao túmulo, fazemos a experiência do sofrimento e do despertar de nossa consciência.
O convite de Jesus para o seu seguimento não faz mais sentido. É preciso recuperar o sentido. Quando tudo parece ter tido um fim trágico, a vida vence a morte. Em torno do Fogo Santo, a assembleia das seguidoras e dos seguidores de Jesus, reunida em Vigília, vê a sua Luz brilhar: o amor vence o medo.
Liturgia da Luz (ou do Fogo), Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística: a celebração da Solene Vigília Pascal é uma verdadeira catequese para todo (a) batizado (a). Com certeza o seu tema central é o amor incansável do Pai, que tudo criou, como vemos na Liturgia da Palavra ao longo de suas sete leituras do Antigo Testamento e oito salmos.
É a história do Povo de Deus, que libertos da escravidão do Egito tornaram-se escravos de si mesmos, de seus projetos, de suas escolhas. Então, Deus que não se cansa de amar, envia seu único filho para reconduzir a humanidade inteira na estrada do Reino.

Ressuscitados com Cristo rumo à Fraternidade Universal
São Paulo nos exorta a assumir nossa vocação de mulheres e homens ressuscitados com Cristo, livres do pecado e da morte. Então, vemos que o Evangelho desta noite é protagonizado por aquele grupo de mulheres discípulas de Jesus que não fraquejaram diante da morte.
Permaneceram fieis e por isso, são as primeiras a saberem pela voz do anjo a Boa Notícia: Jesus está vivo! Recebem a missão de anunciar: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão” (cf. Mt 28, 9).

Com Francisco, a Páscoa da Reconciliação
São Francisco de Assis foi um homem verdadeiramente pascal. Sentiu em sua carne os estigmas da paixão do Senhor e pode então, com Ele, celebrar a sua Páscoa. Com o Cântico da Criaturas, nos deixou um verdadeiro hino pascal. Neste cântico, ele celebra a reconciliação que Cristo protagonizou com (e para) a criação inteira.
O poverello entendeu que celebrar a Páscoa de Jesus é negar-se a si mesmo para assumir o projeto do Pai, como fez Jesus. Com os olhos fixos no Ressuscitado em São Damião, caminhou seguro em direção ao Homem Novo. Sua história nos mostra o que pode nascer de uma negação de si mesma feita à graça: a “perfeita alegria” do Evangelho.
Aleluia! O Senhor Ressuscitou verdadeiramente como disse: Aleluia! Esta noite, de alegria verdadeira, é a grande oportunidade de renovarmos nossa fé no Cristo e assumirmos nossa vocação de vida e vida em abundância. Uma feliz Páscoa do Senhor! Paz e Bem!

Vinícius de Menezes Fabreau